Nossos maiores sofrimentos, os mais agudos. Por isso se transformam em valores.
O sofrimento parece conferir um selo de qualidade à vida, porque tem o dom de revesti-la de sacralidade, de retirá-la do comum e elevá-la à condição de sacrifício.
Sacrifício e sofrimento são faces de uma mesma realidade.
O sofrimento pode ser também reconhecido como sacrifício, e sacrificar é ato de retirar do lugar comum, tornar sagrado, fazer santo.
Essa é a mística cristã a respeito do sofrimento humano. Não há nada nesta vida, por mais trágico que possa nos parecer, que não esteja prenhe de motivos e ensinamentos que nos tornarão melhores.
Tudo depende da lente que usamos para enxergar o que nos acontece. Tudo depende do que deixamos demorar em nós.
Spinoza escreveu: “Percebi que todas as coisas que temia e receava só continham algo de bom ou de mau à medida em que o ânimo se deixava afetar por elas.
O filósofo tem razão. A alegria ou a tristeza só poderão continuar dentro de nós à medida que nos deixarmos afetar por suas causas.
É questão de escolha. Dura, eu sei; difícil, reconheço, mas ninguém nos prometeu que seria fácil.
A SITUAÇÃO NÃO PRECISA DETERMINAR O FRACASSO
Se hoje a vida lhe apresenta motivos para sofrer, ouse olhá-los de uma forma diferente. Não aceite todo esse contexto de vida como causa já determinada para o seu fracasso.
Não, não precisa ser assim.
Deixe-se afetar de um jeito novo por tudo isso que já parece tão velho. Sofrimentos não precisam ser estados definitivos, eles podem ser apenas pontes, locais de travessia.
Daqui a pouco, você já estará do outro lado, modificado e amadurecido.
Certa vez, um velho sábio disse ao seu aluno que, ao longo de sua vida, ele descobriu ter dentro de si dois cães: um bravo e violento; outro manso e muito dócil.
Diante daquela pequena história, o aluno resolveu perguntar: “Qual é o mais forte?”. O sábio respondeu: “O que eu alimentar”.
O mesmo se dará conosco na lida como os sofrimentos da vida. Dentro de nós haverá sempre um embate estabelecido entre problema e solução. Vencerá aquele que nós decidirmos alimentar.